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“Dentuça!”
“Quatro olhos!”
“Nossa, que cabelo horrível!”
“Faz minha lição, senão vou te bater!”
Provavelmente, muitos de nós já ouvimos essas frases em algum momento de nossas vidas, principalmente em nossa vida escolar. Às vezes, pode parecer e ser apenas uma brincadeira sem graça, a chamada “coisa de criança”. Mas quando passa do limite?
Embora não haja consenso na definição oficial, podemos entender o bullying como um conjunto de atitudes agressivas repetitivas, físicas ou psicológicas, praticadas por um aluno ou grupo de alunos contra outro, geralmente em razão de raça, religião, gênero ou orientação sexual, causando sofrimento e angústia. Além disso, há uma relação de desequilíbrio de poder, pois o agressor se percebe emocionalmente e/ou fisicamente mais forte do que a vítima, e ao mesmo tempo a vítima não se julga capaz de se defender.
O bullying pode acontecer de várias formas, sendo as mais comuns agressões físicas, ameaças, abuso verbal, abuso emocional, abuso sexual e cyberbullying. É importante notar que um ataque agressivo isolado entre iguais geralmente não é bullying. É mais comumente um exemplo de uma situação pontual com a qual as crianças são capazes de lidar sozinhas ou com o apoio de um adulto.
Os sintomas e consequências de sofrer bullying vão desde a recusa em ir à escola, choro sem motivo aparente, dor física, depressão e, em casos extremos, automutilação e suicídio. No entanto, não são apenas as vítimas que sofrem. Em muitos casos, os agressores também passam por dificuldades e, na idade adulta, muitos podem desenvolver transtornos mentais, além de terem problemas com a lei.
O comportamento de bullying tem como alvo as diferenças, que podem ser reais ou percebidas, então uma maneira de evitar que o bullying aconteça é ensinar as crianças a se expressarem quando sentem que uma piada foi longe demais. É possível ultrapassar limites e ofender ou ferir os sentimentos de uma pessoa, mesmo em nosso círculo imediato de familiares e amigos íntimos. Cabe a nós adultos ensinar sobre limites pessoais, construir nas crianças a confiança para dizer ‘Pare!’ ou ‘Não!’, educá-las sobre o que significa respeitar a diferença nos outros, como lidar com uma pessoa agressiva ou ameaçadora, como discordar sem causar dor e como evitar uma possível discussão ou briga. Além disso, somos modelos para as crianças em nossos relacionamentos, e a maneira como lidamos com as situações é um exemplo para elas, por isso devemos garantir que nosso comportamento e escolhas de comportamento modelem empatia, sensatez e respeito pelas diferenças e limites.
Todos nós queremos ver as crianças crescendo saudáveis, desenvolvendo todo o seu potencial, confiantes, responsáveis e independentes. Para que isso aconteça, precisamos estar atentos ao que dizem, mas principalmente ao que deixam de dizer e tomar as devidas providências.
Rosane de Angelo, Head of the Personalized Learning Department Alphaville e Gudrun Bjorg Ingimundardottir , Head of Middle School