Antoine Lavoisier, muitas vezes chamado de pai da química moderna, disse uma vez: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” Esta citação toca em uma verdade universal: a mudança é uma constante na vida e algo pelo qual todos nós passamos.
Algumas pessoas podem acolher a mudança, enquanto outras podem achá-la difícil. Mas, independentemente de como nos sentimos em relação a ela, todos a experimentamos e saímos do outro lado com uma nova perspectiva. As escolas desempenham um papel fundamental nesse processo, atuando como ambientes onde a mudança e o crescimento prosperam.
Tudo começa em casa, nosso primeiro ambiente, onde somos cuidados e moldados por nossas famílias. À medida que as crianças crescem, elas entram em novos espaços—creche, pré-escola e, eventualmente, a escola—cada um oferecendo novas experiências e oportunidades de crescimento.
Essa jornada é bem explicada pelo modelo de desenvolvimento humano de Bronfenbrenner, que destaca como os diferentes ambientes com os quais interagimos ao longo de nossas vidas nos moldam.
Pense em uma criança pequena começando no jardim de infância. No início, ela pode se sentir tímida e insegura, mas à medida que passa tempo com professores e colegas de classe, começa a desenvolver habilidades sociais, aprender coisas novas e ganhar confiança.
Esse crescimento é impulsionado pelo que Bronfenbrenner chama de “processo proximal”—as interações regulares e significativas entre a criança e seu entorno. Dessa forma, as escolas se tornam mais do que apenas lugares para aprender; são comunidades onde as personalidades e habilidades das crianças estão em constante desenvolvimento.
Um ótimo exemplo desse processo é a transição do Programa de Anos Iniciais (PYP) para o Programa de Anos Intermediários (MYP) no currículo do Bacharelado Internacional (IB). À medida que os alunos passam do PYP para o MYP, eles enfrentam novos desafios acadêmicos, maiores expectativas de independência e dinâmicas sociais mais complexas. No PYP, o aprendizado é frequentemente baseado em investigação, focando na curiosidade e em habilidades fundamentais.
Quando os alunos passam para o MYP, eles encontram disciplinas acadêmicas mais exigentes, pensamento crítico e responsabilidade pessoal. Essa mudança pode ser emocionante, mas também intimidante.
Por exemplo, um aluno que se destacou em projetos em grupo no PYP pode ter dificuldades no início com a pesquisa mais independente exigida no MYP.
No entanto, com o apoio de professores e colegas, o aluno aprende a se adaptar, desenvolvendo habilidades como gerenciamento do tempo, pesquisa e aprendizado autodirigido. Essa transição reflete a teoria de Bronfenbrenner, mostrando como as mudanças no ambiente—de uma abordagem mais guiada para uma abordagem mais autônoma de aprendizado—têm um grande impacto no desenvolvimento do aluno.
Vygotsky, outro teórico educacional importante, complementa essa ideia ao enfatizar o papel da cultura e da interação social no desenvolvimento. Ele argumenta que, embora as crianças nasçam com funções mentais básicas como atenção e memória, estas são apenas o ponto de partida.
Através de interações sociais—como trabalhar em um projeto em grupo ou conversar com um professor—essas habilidades básicas evoluem para funções mentais superiores, como pensamento crítico e resolução de problemas.
Por exemplo, durante uma discussão em sala de aula sobre uma história, os alunos não apenas praticam a comunicação, mas também se envolvem em um pensamento mais profundo que os ajuda a desenvolver empatia, capacidade de tomar perspectivas e habilidades analíticas.
É aqui que entra a ideia de Vygotsky da “zona de desenvolvimento proximal”—o espaço onde o potencial de aprendizado de uma criança é maior, logo além do que ela pode fazer sozinha. Nesse ponto, os professores desempenham um papel crucial como guias.
Os professores ajudam os alunos a navegar por essa zona, fornecendo o apoio e o encorajamento necessários para enfrentar novos desafios. Por exemplo, quando um aluno tem dificuldades com um problema de matemática, o professor pode oferecer dicas ou fazer perguntas orientadoras, ajudando o aluno a encontrar a solução por conta própria.
Essa abordagem não só aprofunda o entendimento do aluno, mas também aumenta sua confiança em sua capacidade de aprender e crescer.
A neurociência apoia essas teorias educacionais com o conceito de “neuroplasticidade”—a capacidade do cérebro de se reorganizar formando novas conexões ao longo da vida. Para uma criança, isso significa que cada nova experiência e cada desafio superado fisicamente reformulam seu cérebro.
Imagine uma criança que inicialmente tem dificuldades com a leitura. Com prática regular e apoio, seu cérebro começa a se reorganizar, tornando-se melhor em decodificar palavras, compreender frases e, eventualmente, desfrutar da leitura.
Compreender esse processo mostra o quão importantes são as experiências de aprendizagem que seu filho tem na escola. Elas não são apenas tarefas acadêmicas; são oportunidades para um crescimento cognitivo e emocional profundo. A incrível flexibilidade do cérebro durante a infância é uma janela de oportunidade para educadores e pais ajudarem as crianças a crescer de maneiras significativas.
No final, as escolas são muito mais do que lugares onde o conhecimento é transmitido—são ambientes onde a mudança e o crescimento são constantes. Como pais, reconhecer o papel crucial que as escolas e os professores desempenham no desenvolvimento do seu filho pode ajudá-lo a apoiar e guiar seu filho através das muitas mudanças que ele enfrentará. Abrace essas mudanças, pois elas são os degraus para descobrir um novo eu, pronto para enfrentar a jornada em constante mudança da vida.
Bibliografia
https://alb.org.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem10pdf/sm10ss09_08.pdf
https://www.revistavoos.com.br/index.php/sistema/article/view/48